8 de jul. de 2008

Coragem para ser o que é

Esta é a mesma Europa que viu sair hordas de irlandeses, polacos, portugueses, turcos, gregos, judeus, italianos, galegos, holandeses e alemães em fuga da fome e da guerra para construir grandes nações na América do Sul e do Norte. Agora prende quem lhe entra em casa. Esta Europa tem medo dos imigrantes, medo dos negócios chineses, medo de enfrentar os americanos, medo do voto dos seus próprios cidadãos. Medo da sua própria sombra. Fez a guerra e a paz, reconstruiu-se e uniu-se, colonizou e descolonizou, emigrou e recebeu imigrantes. Tem um longo passado. Mas tem demasiado medo para ter futuro. Não aprendeu nada com os que partiram.

Daniel Oliveira, Expresso/Arrastão

Um comentário:

Casca de Carvalho disse...

Esta Europa é uma Europa demasiado antiga e anacoreta para aceitar de ânimo leve a entrada de imigrantes. Não compreender a antiguidade da mentalidade a esse nível é não se compreender a si próprio.
Vivemos num tempo em que a pirâmide etária começa a apertar onde não devia. A presença de estrangeiros como cidadãos nacionais torna-se, de certa forma, essencial. Mas são as condições que temos para lhes oferecer que também importam observar. Abrir uma fronteira à bruta é irresponsável. Não só pela nossa liberdade como também pela liberdade e dignidade (segurança, saúde, habitação, trabalho, etc.) dos que cá entram.
Talvez o Daniel Oliveira ache que isto é tudo fácil, mas a verdade é que fala de cor, do seu trono de crítico. Meter os pés no relvado que é bom fica para os desgraçados dos ministros que têm de levar com estes bocas rotas da irresponsabilidade.
Hoje não se pode já falar em grande xenofobia, felizmente. O caso tem mais a ver com as condições disponíveis.
A lei do retorno não é infeliz de todo, ou acha que seria melhor deportar clandestinos directamente para o sítio de onde quiseram sair? É uma questão de ir apurando responsabilidades de entrada até que a situação se resolva. Como em tudo é uma solução burocrática que, como em tudo, vai correr mal e vai dar galho. Por isso também não a olho com bons olhos. Mas pelo menos tento ser minimamente responsável na análise dos factos.
Estes senhores gostam de alimentar o seu ego humanista, mas no fundo estão-se nas tintas.

Gostam é de falar e parecer bem. Esquerda caviar, bem instalada.