5 de dez. de 2008

É que hoje encontrei o barbosa

Não poderia cogitar melhor maneira de iniciar a minha colaboração frugal neste blogue do que relatar a todos que hoje encontrei o barbosa nos correios de sete rios.
Para os demais 9.999.998 membros da população (excluindo eu e o barbosa, que não se podia encontrar a si próprio, excepto no campo espiritual), teria sido uma situação perfeitamente normal, talvez até inespecífica. Para mim não o foi.
Pedir recibo num posto dos CTTs é algo o barbosa não devia estar a fazer.
Do meu ponto de vista, o barbosa é imune ao Iva. Aliás, o barbosa é imune ao dia-a-dia, às sub-capitalizações, às greves, ao BPN e ao BPP, aos massacres na Índia e ao dia europeu sem carros. O barbosa é imune ao sistema político, às alianças à esquerda, aos orçamentos e às questões fracturantes da sociedade.
O barbosa é inclusivamente imune ao ténue e fraco cabelo, fruto da alopécia que o apoquentae ao facto de estar vestido completamente de preto, como se fosse de uma banda britânica dos anos 80 numa tournée revivalista da actualidade, para pagar as dívidas.
É-o porque ver o barbosa jogar à bola (actividade que levei a cabo com absoluta compenetração desde o ano de 1994 até à última expulsão no jogo contra o Nacional, em pleno 2005) está para além de todo o exposto.

Encostar à esquerda, derivar para o centro e rematar em arco para a direita não é a definição prototípica de José Manuel Durão Barroso. Longe disso. Trata-se de um golo à barbosa.
Um golo à barbosa: fenómeno raro, de ocorrência contraditoriamente espaçada no tempo e de uma beleza extrema. Testemunhar a letargia deste jogador da bola, à espera que efectivasse potencialidades e carimbasse um curriculum virtual, foi, provavelmente, o maior exercício de paciência que alguma vez levei a cabo.
Mas se este é um mundo de aparências, o barbosa era às claras.
Era um vagabundo errante, ele à espera de existir, eu à espera que ele existisse. E quando existia, explodia lentamente, fugindo aos rápidos numa velocidade inferior, demostrando cabalmente que se encontrava subtraído às ciências exactas, numa realidade paralela incerta.

Disse-lhe "Bom dia". Respondeu "Bom dia, tudo bem, ou não?"

"Ou não". Ainda a incerteza.

2 comentários:

Yuppie Boy disse...

O Porto e o Baía provaram bem esse veneno... mas estás perdoado. Hoje é dia de te dar as boas vindas...

A piada do Barroso é genial.

Justiceiro de Fafe disse...

Uma figura de gato fedorento, sem dúvida.
Pois que seja muito bem vindo