16 de dez. de 2008

Paralamas do insucesso

Longe de mim defender Portas ou o CDS, cuja matriz mais clara (democrata-cristã e conservadora) está nos antípodas do que defendo. Longe de mim criticar pessoas simplesmente porque decidem deixar de fazer parte de um partido, pois nunca fiz verdadeiramente parte de nenhum. E não tenho o conhecimento do partido que o senhor Yuppie Boy, por exemplo, tem. Posto o disclaimer, vamos ao post:

Os senhores que se preparam para abandonar o CDS, por causa de uma eventual equidistância que será defendida pelo líder Paulo Portas, não apresentaram nenhuma candidatura alternativa às recentes eleições do partido. Os senhores que se preparam para abandonar o CDS não o fizeram quando Freitas do Amaral e os seus sucessores na área da Democracia-cristã disseram que ele, o partido, estava rigorosamente ao Centro, nem o fizeram quando Manuel Monteiro se foi encontrar com Guterres num quarto de hotel para negociar apoios, nem o fizeram quando Portas acordou com o PS alguns items do Orçamento de Estado, nem o fizeram quando o CDS decidiu "aceitar" o caso Limiano... Os senhores que se preparam para abandonar o CDS não o abandonaram quando era necessário estar de acordo com a, muito variável, opção ideológica do partido, mas abandonam-no agora, quando é possível criar tendências dentro do partido... Será que querem sair de um navio a afundar ou foram convidados pelo porta-aviões ali ao lado?

Longe de mim defender o CDS ou Portas, mas creio que poderia haver uma banda sonora para esta situação com o o refrão daquela música dos Paralamas do Sucesso:
Entrei de gaiato num navio
Entrei, entrei, entrei por engano

Um comentário:

Yuppie Boy disse...

Não creio que sejam as diferenças ideológicas que façam estes militantes abandonar o barco nem tão pouco a iminência de naufrágio. Anacoreta, por exemplo, não deverá estar muito preocupado com isso nem o vejo a mudar de côr. O que acho, e o que escrevo no post, é que a possibilidade de discussão é muito reduzida. Eu já andei pelo Caldas e Braga e Viseu já fizeram parte do roteiro. Menezes não inventou nada, - o populismo e o "apoio efusivo das bases" já há muito que era praticado no PP onde desde Manuel Monteiro, até antes, se arrisca com 99% de certeza quem é o vencedor. A corrente dominante aglutina e repele tudo o que se lhe atravessa no caminho, a razão fica para segundo plano e joga-se em eliminatórias. Depois, depois... "junta a tua voz à nossa voz" e vamos lá para fora alegres e contentes "enganar o povo", expressão que acreditem se ouve, porque com sorte há tachos para todos, não são assim tantos os candidatos. Mas Monteiro trouxe algo novo, - o militante tipo que desceu degraus e cativou emergentes. A "boa educação" e o "resolve-se em casa" acabaram e é hoje mais dificil conter os diferendos.