Mas se alguém tinha dúvidas em relação ao rigor jornalístico deste canal privado ficou logo esclarecido quando Manuela Moura Guedes sem mais demoras anuncia que não haverá regras.
A partir daí foi o esperado. Manuela Ferreira Leite mais sóbria e objectiva, sem floreados e contida, esperando sempre o momento de falar. Assim também aconteceu com Patinha Antão, embora este estivesse um pouco nervoso mostrando uma determinação despropositada.
O Professor Patinha Antão é um homem que domina áreas muito específicas, mas não tem qualquer tipo de perfil para liderar o maior partido da oposição. Além disso ninguém parecia estar interessado no que este tinha para dizer. Alguma falta de consideração - respeito, até - portanto.
Passos Coelho e Santana Lopes tentam-se afastar um do outro, mas são os únicos que insistem na instalação do liberalismo, para de seguida o negarem como fonte da sua política, confundindo quem os ouve.
Santana Lopes disfarça essa confusão usando os mesmo truques de sempre, agora refugiado por uma experiência de seis meses, e que passam pelas referências a políticas estrangeiras e dirigindo-se a todas as "classes" em matérias diferentes. Quando se fala da saúde Santana fala das famílias, quando se fala de emprego e legislação laboral fala de investimento e de investidores, quando se fala de impostos fala na classe média. Um golpe populista que confunde mas que o faz sair, por norma, bem na fotografia.
No entanto, à sua frente tinha Passos Coelho que faz o mesmo jogo com uma linguagem diferente. Provou que as críticas que se fizeram ao facto de ser novo faziam sentido porque injectou uma série de conceitos liberais e tenta dançar com eles, mas a certa altura falta-lhe jogo de cintura. Parece o aluno que não consegue juntar a parte teórica à prática porque a doutrina não combina com a realidade.
Contudo, é o candidato com o discurso mais abrangente, conseguindo sinteticamente abordar um bloco de temas com bastante determinação, o que o beneficia.
Manuela Ferreira Leite manteve-se tranquila e limitou-se a responder sucintamente às poucas questões que lhe iam sendo colocadas. Coerente, objectiva e revelando já uma capacidade de análise do momento muito mais realista, a candidata com a postura mais clássica mantém-se a léguas da patetice e demagogia dos seus oponentes.
O formato do debate não dá para grandes análises. Curto e atabalhoado, como manda a lei das audiências, serviu apenas para os candidatos mostrarem a tristeza em que está o jornalismo em Portugal.
A anfitriã conseguia surpreender mais que os próprios convidados. Primeiro na sua gesticulação que já vai sendo apanágio das suas aparições em debates e entrevistas, depois pelas expressões faciais e por último pela arrogância com que questiona coisas que nem ela própria sabe muito bem o que são.
Das várias intervenções, e de um ponto de vista mais abstracto, registo com alguma perplexidade o formato das perguntas:
"Santana Lopes: desemprego?"
"Pedro Passos Coelho, saúde? Como é?"
Há que ir direito ao assunto.
No confronto também esteve muito bem. Aliás, se alguém precisar de um personagem instigador e prevaricador de confusão chamem esta "cara amiga" - tal como foi tratada por Patinha Antão. Moura Guedes interrogava cada candidato sobre os ataques que outro específico lhe teria feito, hiperbolizando sempre o conteúdo. Mas o melhor ataque foi feito a Passos Coelho, em relação ao pacote laboral, quando lhe pergunta: "mas quer ou não quer um pacote liberal?" ao que PPC responde "sim, já lhe respondi" a partir daí foi assim:
- Não - diz a Manela.
- Não? Porquê? - pergunta PPC.
- Ora, porque... isso...
(interrupção de um dos adversários, confusão, muda de assunto e está resolvido o problema).
No fundo, não preciso de dizer mais nada. Até porque depois chegou Pulido Valente - logo a seguir a MMG ter interrompido Passos Coelho assim: "pronto, está bem, temos de acabar, adeus a todos" (nestes termos) - e começou o seu comentário ao debate mesmo ali ao lado, metendo Patinha Antão logo num canto e enaltecendo a vitória de Ferreira Leite, juntamente com a denúncia da demagogia dos restante.
Em suma, uma palhaçada. Mas divertido.
Um comentário:
Depois da experiência na bancada parlamentar do PP, a Manuela Moura Guedes ainda podia canditar-se ao PSD. Era menina para tirar votos ao Santana e ao Passos Coelho.
Deviam ter deixado Patinha Antão falar mais.
Justiceiro
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