23 de mai. de 2008

Um debate moderado por Moura Guedes

A ideia inicial para este serão seria fazer um acompanhamento do debate entre os candidatos às directas do PSD promovido pela TVi.
Mas se alguém tinha dúvidas em relação ao rigor jornalístico deste canal privado ficou logo esclarecido quando Manuela Moura Guedes sem mais demoras anuncia que não haverá regras.
A partir daí foi o esperado. Manuela Ferreira Leite mais sóbria e objectiva, sem floreados e contida, esperando sempre o momento de falar. Assim também aconteceu com Patinha Antão, embora este estivesse um pouco nervoso mostrando uma determinação despropositada.
O Professor Patinha Antão é um homem que domina áreas muito específicas, mas não tem qualquer tipo de perfil para liderar o maior partido da oposição. Além disso ninguém parecia estar interessado no que este tinha para dizer. Alguma falta de consideração - respeito, até - portanto.
Passos Coelho e Santana Lopes tentam-se afastar um do outro, mas são os únicos que insistem na instalação do liberalismo, para de seguida o negarem como fonte da sua política, confundindo quem os ouve.
Santana Lopes disfarça essa confusão usando os mesmo truques de sempre, agora refugiado por uma experiência de seis meses, e que passam pelas referências a políticas estrangeiras e dirigindo-se a todas as "classes" em matérias diferentes. Quando se fala da saúde Santana fala das famílias, quando se fala de emprego e legislação laboral fala de investimento e de investidores, quando se fala de impostos fala na classe média. Um golpe populista que confunde mas que o faz sair, por norma, bem na fotografia.
No entanto, à sua frente tinha Passos Coelho que faz o mesmo jogo com uma linguagem diferente. Provou que as críticas que se fizeram ao facto de ser novo faziam sentido porque injectou uma série de conceitos liberais e tenta dançar com eles, mas a certa altura falta-lhe jogo de cintura. Parece o aluno que não consegue juntar a parte teórica à prática porque a doutrina não combina com a realidade.
Contudo, é o candidato com o discurso mais abrangente, conseguindo sinteticamente abordar um bloco de temas com bastante determinação, o que o beneficia.
Manuela Ferreira Leite manteve-se tranquila e limitou-se a responder sucintamente às poucas questões que lhe iam sendo colocadas. Coerente, objectiva e revelando já uma capacidade de análise do momento muito mais realista, a candidata com a postura mais clássica mantém-se a léguas da patetice e demagogia dos seus oponentes.

O formato do debate não dá para grandes análises. Curto e atabalhoado, como manda a lei das audiências, serviu apenas para os candidatos mostrarem a tristeza em que está o jornalismo em Portugal.
A anfitriã conseguia surpreender mais que os próprios convidados. Primeiro na sua gesticulação que já vai sendo apanágio das suas aparições em debates e entrevistas, depois pelas expressões faciais e por último pela arrogância com que questiona coisas que nem ela própria sabe muito bem o que são.
Das várias intervenções, e de um ponto de vista mais abstracto, registo com alguma perplexidade o formato das perguntas:
"Santana Lopes: desemprego?"
"Pedro Passos Coelho, saúde? Como é?"
Há que ir direito ao assunto.
No confronto também esteve muito bem. Aliás, se alguém precisar de um personagem instigador e prevaricador de confusão chamem esta "cara amiga" - tal como foi tratada por Patinha Antão. Moura Guedes interrogava cada candidato sobre os ataques que outro específico lhe teria feito, hiperbolizando sempre o conteúdo. Mas o melhor ataque foi feito a Passos Coelho, em relação ao pacote laboral, quando lhe pergunta: "mas quer ou não quer um pacote liberal?" ao que PPC responde "sim, já lhe respondi" a partir daí foi assim:
- Não - diz a Manela.
- Não? Porquê? - pergunta PPC.
- Ora, porque... isso...
(interrupção de um dos adversários, confusão, muda de assunto e está resolvido o problema).

No fundo, não preciso de dizer mais nada. Até porque depois chegou Pulido Valente - logo a seguir a MMG ter interrompido Passos Coelho assim: "pronto, está bem, temos de acabar, adeus a todos" (nestes termos) - e começou o seu comentário ao debate mesmo ali ao lado, metendo Patinha Antão logo num canto e enaltecendo a vitória de Ferreira Leite, juntamente com a denúncia da demagogia dos restante.

Em suma, uma palhaçada. Mas divertido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Depois da experiência na bancada parlamentar do PP, a Manuela Moura Guedes ainda podia canditar-se ao PSD. Era menina para tirar votos ao Santana e ao Passos Coelho.

Deviam ter deixado Patinha Antão falar mais.

Justiceiro