19 de set. de 2008

Os imprudentes

É evidente que fica bem dizer no meio dos camaradas de uma esquerda ampla que ser-se de esquerda é ser-se imprudente. É claro que quem diz "amar a imprudência" também acaba por ter de se sustentar, mais tarde, e ceder à pressão e opressão do terrível mundo novo. A estas pessoas chamamos adolescentes.
Manuel Alegre é o eterno adolescente do Partido Socialista. Mas desta vez talvez vá ouvir de onde não queria - dos seus camaradas da esquerda abstracta que votaram nele porque o homem era imprudente, um libertário, um homem novo e livre.
É disto que a esquerda vive, essa esquerda que está preocupada em resolver o casamento, só para chatear, disfarçando com uma preocupação de "direitos fundamentais" como se pode ler neste comunicado da Ilga Portugal (via 5 dias).
A total falta de responsabilidade, de sentido de comunidade, de segurança e estruturação social sólida dá nisto - na rebeldia, na adolescência eterna.
Num país onde os problemas se acumulam - como bem lembra o imprudente - a preocupação da esquerda rebelde e fracturante é casar pessoas do mesmo sexo, como se a lei fosse um local de reconhecimento da sexualidade, ou melhor, como se a sexualidade fosse reconhecida por lei. É toda esta falta de consciência da função das instituições que assusta, porque para já o Partido Socialista não avança, mas noutra altura em que a necessidade de demagogia for mais importante que a solidez de uma sociedade, não tenho dúvidas que a imprudência triunfe.

3 comentários:

Anônimo disse...

O seu comentário é que demonstra "abstractismo"... não se quer a igualdade só pela igualdade, mas porque ela tem efeitos no dia-a-dia das pessoas. Se se reivindica o casamento também para pessoas do mesmo sexo é porque essa desigualdade tem impacto na vida dos casais do mesmo sexo. Respeite mais as realidades de todos os cidadadãos, sem exepção. Não tem de haver cidadãos de 2ª categoria, nem se pode avalizar ignorâncias como a que apresenta implicitamente sobre quem, quantos e como são os casais do mesmo sexo e do que necessitam e do respeito e atenção que merecem.

Anônimo disse...

Correcção: cidadãos (onde está escrito cidadadãos)

Casca de Carvalho disse...

Caro anónimo,
o meu comentário é bastante concreto, ao contrário do que diz. Repare como eu digo: "como se a lei fosse um local de reconhecimento da sexualidade, ou melhor, como se a sexualidade fosse reconhecida por lei".
A lei não tem de dar atenção a ninguém porque não é nenhuma babysitter, compreende? A lei quer-se geral e abstracta e não a trabalhar para um grupo de pessoas que quer um capricho, sim um capricho. A génese da lei é evidente. Discutiria isso consigo com o maior dos gostos, mas já me alonguei em demasia. Não tenho por norma responder a comentários anónimos.

Cumprimentos.