17 de set. de 2008

Rise and Fall

Uma coisa que aprendemos com a História, ou que deveríamos aprender, é que não é o capital que movimenta as sociedades mas sim a fiabilidade e a segurança do seu sistema em comunidade, do seu sistema político. Está nos livros, não é preciso grande ciência para apreciar os Impérios que ao longo dos séculos foram caindo.
A moeda é um instrumento que tem justificado o crescimento, em larga escala, da economia subjectiva. A especulação tem sido o festim do sistema. Mas como em tudo - e lá está mais uma vez a História - o sistema é falível.
Durante todo o século XX os liberais acreditaram que o sistema era infalível. Na sua vaidade não souberam interpretar os sinais. Os nossos políticos, cegos pela ganância, pelo crescimento e pela competitividade, deixaram-se levar e enterraram os Estados em dívidas e promessas que não podiam cumprir, por um simples motivo: objectivamente não tínhamos nada, absolutamente nada.
Se esta cautela foi o trunfo de Salazar para passar o meio-século foi também o que levou o Estado Português a tornar-se num dos mais atrasados da Europa. 
Mas, não é a estabilidade do povo que está em causa? A resposta é sempre afirmativa, mas nenhum Estado pode atrasar a evolução social de um povo só para se proteger da bancarrota.
Os liberais sabiam disto muito bem e fizeram o seu trabalho. Mas o exagero e a vaidade impuseram-se para achar que o Estado devia ser colocado de lado, que só atrapalhava. Primeiro surgiu a ideia de que o Estado deveria ser só regulador, depois, numa postura neo-liberal, que o Estado só servia para atrapalhar.
Tal como nos contos de Mark Twain, todos os homens são fortes até serem confrontados com a sua fraqueza. A fraqueza do sistema liberal é o Estado, a necessidade de Estado, de sistema político, de regras e, claro está, de segurança em todas as matérias.
Por isso não é de estranhar o que se está a passar com os monstros do capitalismo. De facto, não esperava que acontecesse tão cedo, mas aconteceu.
Agora uns tentam dizer que o problema está "a montante", que é uma expressão bonita, mas que realmente é tão óbvia que nem se sabe bem o que pensar. Colocam as culpas no "capitalismo selvagem". Right, right! É evidente que o problema está a montante e é claro que a culpa é do capitalismo selvagem! Esse é que foi o problema que se tentou focar. Onde estavam esses iluminados na altura? A fazer contas e a ler o Jornal de Negócios, porque estava aí o futuro - quais castelos de areia - e era preciso ser pragmático.

Nota 1: este post não tem a intenção de ser provocador, mas é claro que também é dirigido ao yuppie boy por questões óbvias.

Nota 2: Em nenhum momento deste meu comentário deverá ser interpretado algum ressentimento nem é a minha intenção dizer "eu bem avisei". As coisas são como são e temos de saber sobreviver aos problemas que nos aparecem pela frente com sensatez suficiente para sair deles, sem que o orgulho nos corrompa - outra lição da História, da Filosofia e muito da Literatura.

10 comentários:

Yuppie Boy disse...

E ao fim de 5 meses de blog fez-se luz: SALAZAR.

Yuppie Boy disse...

Consegue reparar que no texto que escreve não apresenta uma única solução e a única alternativa a que faz referência levou Portugal a um golpe de Estado. Lealdade na discussão é ter os pés assentes na terra. Rejubilar com a queda de um sistema, que tem falhas é certo, mas que mesmo assim é ainda o melhor é triste. Fica-lhe mal a si e todos quantos hoje batem palmas. Enquanto milhares pensam em soluções e adapações para superar a crise, outros tantos ficam sentados a escrever bonitas palavras... é assim o mundo.

Casca de Carvalho disse...

Bem, você se não é burro anda lá perto.
Qual das minhas notas é que não leu? Leia, homem, leia.

Em segundo lugar, meu rapaz, apresentar ideias? Mas eu tenho cara de primeiro-ministro ou de líder da oposição? É que não sei se se apercebeu mas isto é um blog, não uma tese de doutoramento. E que ideias apresentou você que a única coisa que sabe fazer é fazer mini-comentários a notícias do Públicos? Poupe-se à humilhação! Você agora anda com essa das ideias, como se fosse um iluminado ou até imaginativo (de rir), garanto-lhe que não é.

Em terceiro lugar, A minha segunda nota prova a minha boa vontade e o não-ressentimento das minhas palavras. Mas você é um pobre de espírito, orgulhoso que não aceita a derrota ideológica. Está nervoso e perdido, não vê um caminho e o único que consegue perceber é o de continuar a chover no molhado. Irá acabar como naquele filme dos Cohen "O grande salto". Já viu? Devia ver, para ver se se torna mais imaginativo. Falta-lhe tacto e sentido de vida. Acima de tudo, falta-lhe perder a vaidade.

Casca de Carvalho disse...

Perdão, esqueci-me de comentar outra coisa.
Em relação a Salazar a referência é evidente para quem percebe o que estou a dizer, para um ignorante como vossa excelência talvez seja complicado. Eu aconselho um instrumento que é capaz de não ter percebido que existo: livros. Não tem de quê, volte sempre!

Yuppie Boy disse...

Ao contrário de si, não tenho necessidade me esconder atrás de nicks e acho que o blogue é uma extensão das nossas discussões particulares, dos três entenda-se. Dispenso ofensas e perfis psicológicos. Ficava bem retratar-se mas não lho vou pedir. Fica ao seu critério. Mais tarde rebaterei os "argumentos". Para já, tenho de trabalhar.

Anônimo disse...

o texto é enorme, não consegui ler...

Just

mas vou fazer um esforço ;-)

Anônimo disse...

Quem lê o post ficará a perceber que o Casca de Carvalho é um apoiante de Bush?

Just

Anônimo disse...

Depois de 1929 houve um "desvio" social-democrata nos Estados Unidos, e admito que isso venha a suceder de novo. Duvido que o acompanhante de Sarah Palin o faça, mas o senhor Obama, se bem rodeado era capaz de chegar lá. Pode ser uma saída? Quem sabe. Eu não. O que eu sei, e se calhar é da história, é que os sistemas também sofrem do "princípio de peter" e se calhar "este" liberalismo subiu ao grau da sua incompetência. Isso significa que algumas coisas vão ter mudar. Mas não sei o quê. O que sei é que independentemente de quem tem razão, isto está mau, e a resposta pode ser liberalizar ou reforçar o papel do Estado. Se calhar nem é reforçar, é obrigar o Estado a assumir o papel que sempre lhe calhou no sistema liberal em que vivemos.

Just

Yuppie Boy disse...

Peguei no seu post pelo geral e tentei entrar consigo. De verdade que estranhei ainda não ter sido trazido por si o nome do Professor antes. Para mais, a referência que faz aos anos do Estado Novo só serve para provar que o sistema anterior não funcionava e era preciso encontrar outro. Dar mais liberdade aos privados e facilitar o acesso da população aos bens de consumo. Percebe o tiro no pé?
Nota-se que tem uma necessidade absurda de mostrar conhecimento. Socorre-se constantemente de citações e usa chavões do direito que como lhe provei pessoalmente, não são acessíveis a todos. Algumas delas, completamente a despropósito. O resultado são posts dúbios e incipientes.

Casca de Carvalho disse...

Respondendo a cada um dos senhores.

Justiceiro,
é engraçado que o meu post pareceu-lhe tão longo que parece mesmo que não o leu. Em nenhuma parte do meu texto eu sugiro alguma solução porque também não a tenho, em todo o lado eu digo que a situação está complicada e que o sistema faliu, tal como diz no seu comentário. Por isso, vou achar que concordou comigo.

Yuppie Boy,
a certa altura deixa de haver paciência para os seus comentários. São normalmente esquizofrénicos. Gosta de provocar mas não gosta de ser provocado, pede argumentos e depois faz-se de vítima e por regra nunca vão ao cerne da questão porque não lê, ou não sabe interpretar, o que eu escrevo.
Há alguma parte do meu post em que eu digo "no Estado Novo é que era?". Mas você quer fazer-me de estúpido ou é apenas parvo?

Breves explicações.
Você não usa citações porque não as conhece. Eu uso-as para reforçar. O seu problema é não ter imaginação e condenar a dos outros, vive demasiado obcecado com o jornal que leu no dia e acha que é uma mente brilhante. Pois não é, nem de perto nem de longe, muito pelo contrário. O yuppie talvez não perceba a dimensão das palavras dos homens porque como é visto por aqui não sabe ler, não conhece a força das palavras e não sabe interpretar frases com mais de 3 palavras. Se há alguém que consegue numa frase juntar um conjunto de palavras de forma perfeita ou uma ideia original (repare que Twain não nasceu ontem) é evidente que a vou usar. Não uso citações vazias, complemento-as com o que estou a dizer. Essa crítica é infantil e, em rigor, prova de uma enorme ignorância.
Eu não preciso de mostrar nada a ninguém, aliás, são os seus posts que mostram a sua ambição em ser um especialista na matéria. mas como você há muitos e como eu há poucos, percebe a diferença? é tudo uma questão de formação, formação que você não tem porque é um simples fazedor de contas e desconhece o mundo, mesmo tendo ideia de que é pragmático, como tanto se arroga. Faltar-lhe-á sempre sensibilidade.

As discussões de carácter pessoal de que fala é você que força, porque como deve imaginar não tenho vontade nenhuma de estar rodeado de amigos a falar na Fannie e na Bobby e associados, constantemente. Prefiro conviver de forma alegre e falar de coisas simples. É você que tem puxado o assunto porque está obstinado, e eu não tenho idade para ser seu pai.