11 de set. de 2008

A queda do gigante...

...ou dos dois gigantes se preferirem

Em Portugal, na Europa, na Ásia ou nos Estados Unidos, o comportamento das bolsas é bem mais próximo do electrocardiograma do que a esperada linha de tendência. Reage-se hoje de forma extemporânea e valoriza-se mais a especulação, o boato e a "perspectiva de", do que a postura séria centrada na organização, na eficácia e obviamente no lucro.

Hoje, é possível valer 1 à segunda, mandar o bitaite na terça alcançando assim os 2 na quarta mas correndo o risco de ser tudo desmascarado e fecharmos a semana a 0,5. Não é grave, podemos todos apostar no petróleo ou comprar umas barras de ouro. Se estes estiverem em queda, então compra-se arroz, lança-se o pânico e os cobres continuam a entrar. É a idade do faz de conta e do capitalismo selvagem e completamente desregulamentado, passo a redundância. O mercado sobrepôs-se aos governos e impôs o seu método. Os governos, fragilizados e com favores por pagar, acumulados durante anos, acederam e fecharam os olhos. E o capitalismo foi crescendo, alimentando-se de princípios, solidez e produção. Agora que está grande e com fome não sabe onde ir buscar mais comida. O círculo está fechado e não há por onde fugir. Os governos, que a montante não se preocuparam em regulamentar e observar o crescimento da cria, têm agora o problema entre mãos. E também eles não têm grande saída. Ou não têm coragem para a levar avante. Em vez de deixarem o mercado regular-se, partir-se, desaparecer, reerguer-se e voltar a crescer sozinho e independente como o próprio sempre defendeu e pugnou, colocam a mão por baixo e salvam a honra do convento. Com isto, atingem o capitalismo em cheio. Provam que ele não se auto-regula e que é frágil. Há hoje, certamente uma multidão de gente a bater com os pés no chão e a sufocar de tanta gargalhada. Não foram precisas manifestações nem enfrentar canhões de água. O gigante caiu por si.

Que ao menos daqui se tirem ilações e se aprenda com o erro…

5 comentários:

Casca de Carvalho disse...

Eu concordo em absoluto, ou quase.
O que mais me satisfaz neste post é que ele vem-me dar razão, quase a 100%. "Deixar o mercado funcionar" é ter a ilusão que o dinheiro tem vida própria e ignorar que é o homem, o falível homem, que está por detrás dele.
Mais, a necessidade de um Estado que assegure a estabilidade da comunidade (olha, que coisa tão, como é que você diz? teórica) mostra-se fundamental. A vida em comunidade exige princípios e regras mais do que mercado. Se essa comunidade não estiver bem estruturada - e meu Deus, o que vou eu dizer - e politicamente bem definida o mercado de nada serve e "não funciona". Foram precisas umas dezenas de anos e apenas uma conversa de café para você perceber isso. Mas claro, eu é que estou sempre errado. Vocês é que vêem o futuro e sabem da poda.
Boa sorte!

Yuppie Boy disse...

Sabe porque é que o post não lhe dá razão? Eu explico-lhe:

o meu post vai no sentido de que urge regulamentar o mercado e portanto, essa regulamentação ainda não existe. Quem estudou lógica, e julgo você estudou percebe que se os Estados não regulam, e ainda não regulam, os Mercados, então eles são livres e autónomos. No limite, como em algumas economias do Mundo, chegam mesmo a sobrepôr-se ao poder Político. Nunca esteve em discussão se o modelo que existe é o mais correcto. Discutia-se a realidade dos sistemas.

Cntinuo a ter dúvidas da sua capacidade mental actual. Conheço-o e sei que não é tão limitado assim. Algo se passa...

Casca de Carvalho disse...

Não vou descer ao seu nível, mais uma vez. O post está lá para confirmar o que eu disse. Não preciso de argumentar mais.

Yuppie Boy disse...

Acha que discutir com argumentação, sem insultos e sem irritação a transpirar pelos poros é descer ao nível? Não me parece.
Vou tentar provar-lhe o mesmo dizendo-o de outra forma. As nacionalizações da Fannie Mae e da Freddie Mac só existiram porque a seu tempo, o poder político não regulamentou o Mercado e não se precaveu como deveria. Tal como afirmei, em todos os posts, deixou que o Mercado crescesse como queria, inclusive de forma suicida (risco elevado por exemplo). Isto prova que os sistemas económicos funcionam hoje em dia independentes do poder politico. Percebeu, o poder politico subjugou-se ao poder económico.
Eu concordo que este não é o melhor caminho e a prova está agora na pesada factura que os contribuintes americanos vão ter de pagar mas o que escrevo aqui em nada se contradiz com o que escrevo anteriormente. Já o contrário...

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.