9 de ago. de 2008

A Caixa que temos...

Só hoje tive oportunidade de ler a entrevista de Faria de Oliveira, cedida, ou pedida, ao Diário Económico. A entrevista seria à partida, uma clara resposta às declarações de António Borges também ao DE. Esta é uma entrevista completamente encenada. Tudo foi pensado e dito ao pormenor. Só numa resposta podemos ver mais de 20 valores e índices. Era sua missão defender-se do ataque de Borges e provar a relevância económica e sobretudo social da Caixa Geral de Depósitos. Refere os papeis importantes que a Caixa desempenha no desenvolvimento económico, no reforço da competitividade das empresas, na estabilidade do sistema financeiro nacional entre outros. Isto tudo na primeira resposta/parágrafo.
A partir do segunda/o, Faria de Oliveira retira a pele de cordeirinho e mostra as garras. Aparecem logo expressões como “reforçar o cross-selling”, afirmações do tipo “tornando a CGD o banco principal das melhores empresas” ou [almejamos] ”um resultado de 825 milhões de euros”. Fala ainda na aquisição de um banco de pequena/média dimensão em Espanha e na possível alienação de Zon e BCP. Tudo isto estaria bem se Faria de Oliveira não fosse precisamente o Presidente da Caixa Geral de Depósitos, o banco público de Portugal. Isto é discurso da banca privada que visa o sucesso empresarial e o lucro. Não podem ser objectivos e muito menos “guidelines” de um banco público. Sou forçado a concordar com António Borges. Se a Caixa não tem uma preocupação social e não é o garante das empresas e famílias de Portugal, então não existe razão para ter como único accionista o Estado Português. Privatize-se… ou repense-se.

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