14 de ago. de 2008

Da responsabilidade

O que a mim mais me aflige em toda a história do miúdo que foi morto por dois tiros da policia é a forma precipitada com que todos reagiram. É certo que a perda de uma vida é algo que choca e que a todo o custo tem de ser evitado, tanto neste caso como no de Loures. São vidas humanas e portanto a acção tem de ser pensada e repensada. Isto é bom senso. É portanto lógico que o policia que atirou mortalmente no miúdo não o queria matar. Parece-me irrefutavel. Outro facto irrefutavel é a morte com tiros de um soldado da GNR. Algo correu mal no processo. Investigue-se e culpem-se os culpados. O pai, o cúmplice e/ou o policia. Mas culpem-se após a investigação. Não é responsavel sair por aí a atacar os assaltantes ou a policia. A questão torna-se tão mais ridicula quando vemos a direita a atacar um lado e a esquerda outro. Há dois culpados que me parecem óbvios quer por negligência quer por uso indevido de escudo humano, este último gravissimo. O terceiro culpado sê-lo-á ou não. Até lá, deixem-se trabalhar as instituições competentes e acreditemos que Portugal ainda é um país...

3 comentários:

Casca de Carvalho disse...

Meu caro, eu compreendo a sua indignação e partilho, em parte, dela. Mas há de facto alguma ingenuidade nessa ideia do investigue-se.
Eu gosto de acreditar que as instituições do meu país funcionam. Contudo, há uma grande dose de corporativismo dentro dessas instituições, que se protege e que se encobre. Há também alguma hipocrisia dos governos que vão adiando uma reforma eficaz nas forças policiais.
A GNR comete imensos erros, é demasiado negligente (principalmente no interior)chegando por vezes a ser criminosa. É claro que isto não é um comportamento geral, são casos pontuais, mas que vêm quase sempre do mesmo sítio.

Yuppie Boy disse...

É bem verdade Crosta mas tambem não digo que se confie piamente nas instituições. A sociedade civil tambem tem responsabilidades nomeadamente a classe jornalistica que deve informar e investigar para o poder fazer. Não me insurjo contra nada disto e aprovo até. Insurjo-me é contra opiniões definitivas e precipitadas. Seja da esquerda que condena o tiro da policia sem ainda ter percebido a razão de ele ter saído da arma do solodado, seja da direita que condena, e bem, o pai que leva a criança para o assalto e se esquece de que se perdeu mais uma vida.

Casca de Carvalho disse...

Sim, nesse campo estamos de acordo.