13 de ago. de 2008

Câncio 2.0

Começou o Boom, festival de "música" electrónica, que no fundo é uma boa desculpa para um grupo generoso de seres humanos ir abanar o capacete com a ajuda de uma mãozinha de ácidos, trips, rodas - o que lhe queiram chamar.
O problema é que estas trips causam efeitos drásticos na saúde das pessoas que as consomem. A minha sugestão é dedicarem-se ao jornalismo e apimentarem isso com uma obstinação qualquer pela perfeição do ser humano. Algo nietzschiano, portanto. Sigam o exemplo de Fernanda Câncio e viajem num mundo alucinado.
Ao longo dos tempos Fernanda Câncio têm-nos habituado ao seu narcisismo intelectual excessivo. Ela é que sabe, ela é que pensa, ela é que faz e os outros são todos ignorantes. Mais ou menos como os priores de pequenas paróquias no interior. Para esse efeito usa a ironia que os adolescentes, por norma, usam em relação aos mais velhos. Todos sabemos que os adolescentes têm um génio difícil que tende a superiorizar-se aos outros, especialmente aos mais velhos.
Nos últimos dias tenho prestado atenção ao blogue 5 Dias onde, entre outro batalhão de esquerdistas modernaços, escreve Fernanda, a Câncio.
Estou em crer que a senhora em questão não deixa de ser uma boa jornalista. De facto, não lhe conheço o trabalho jornalístico. Ao que dizem tem bastante qualidade. Como não sou cínico acredito.
Acontece que na opinião que por norma nos brinda, tanto nos jornais como na blogosfera, a senhora excede-se na apreciação de matérias que exigem, no limite, bom senso e pouca obstinação. Assim tem sido com as intervenções policiais da última semana, assim foi com a lei do tabaco e assim é invariavelmente em relação à sexualidade (feminismo, homossexualidade, etc.).
Como poderão constatar neste pedaço de arte, a Câncio consegue comparar o caso do assaltante morto em Campolide com o caso da criança morta ontem em Loures, depois do assalto a uma vacaria. Quando lhe chamam a atenção para o non sense da comparação, a senhora atrapalha-se, emenda, acrescenta uma adenda. Uma trapalhada. Tudo para manter a sua posição autista que a polícia usa irregularmente as armas que carrega, que é incompetente e que as instituições não servem para nada.
Fernanda Câncio acredita nisso como os junkies do Boom acreditam na beleza da alucinação que vão ter depois de uma Hoffman 2000, sem ter em conta aquilo a que alguns ainda temem que seja a realidade.
Não estou aqui para fazer juízos de valor, é certo. Mas Fernanda Câncio tem um problema com o seu ego e com a obstinação com que defende ideias que estão única e exclusivamente na sua cabeça. Uma legião de fãs segue-a, como acontece vulgarmente com os arrebitados que parecem comandar um pelotão de tontos. Mas não é isso que move a Câncio. O que a move é o seu ego, crescido sem razão.
Há pessoas que são altruístas, filantropos, que nesta condição nascem, que assim são educados, que não se esforçam para o ser. Nada nessas pessoas é forçado porque nada querem provar ao mundo. Em Fernanda Câncio tudo parece forçado porque tudo é excessivo, até o seu próprio escudo - a ironia. Forçar uma condição torna-se, então, evidente e o excesso revela que nada há ali de bom senso ou altruísmo, que tudo não passa de egocentrismo primário e suburbano, de certo modo. Há uma tentativa de provar que se é humanista, que se é saudável, que se é mil coisas mas sem qualquer naturalidade. Essa obsessão não é saudável porque não compreende a subjectividade do mundo, encara-o como um bloco (vimos isto nos Estados Totalitários e nos regimes ditatoriais, por exemplo) em que todos têm de ter comportamentos iguais, obrigatoriamente; o predomínio total do bem comum sobre a individualidade. Ora, nem eu que sou reaccionário acredito nisso.
A obstinação é, pois então, muito semelhante à dos junkies que enchem o corpo de químicos alucinogénios com a ideia de se divertirem ao som do boom boom boom festival, pela repetição e pela falta de naturalidade.
Com estas características Fernanda Câncio acaba por dar opiniões disparatadas e entrar em campeonatos onde não joga. Não tem a humildade de se retirar, de nem sequer avançar. Convence-se que tudo sabe. Confunde opinião com conhecimento. É excessivamente arrogante. É uma pena porque - ao que dizem, eu não sei - é uma boa jornalista. Só a conheço por aquilo que não é a sua especialidade.

Um comentário:

Yuppie Boy disse...

É a puta da mania que se resolve tudo com cravos. Depois dá no que dá...