10 de out. de 2008

Da coragem

Em política é fundamental ter coragem. Os partidos portugueses habituaram-nos, ao longo de três décadas de democracia, a mostrar uma total cobardia no momento de assumir posições impopulares.
Pode parecer que um partido de esquerda, nos tempos que correm, tem de votar favoravelmente a tudo o que são causas fracturantes. Mas não tem, desde que assuma objectivamente a sua posição.
O Partido Socialista sabe que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não faz qualquer tipo de sentido, segundo o proposto pelo PEV e BE. Por outro lado, vê-se confrontado com uma esquerda a que tem de agradar - a esquerda moderna, das causas e que vota no PS para que a direita não suba ao poder, num género de estigma incompreensível e ultrapassado, vindo da cabeça do velho Cunhal.
Com tudo isto o Partido Socialista acabou por deixar a sua posição num vazio. Ninguém sabe ao certo o que pensa o Partido Socialista e que ideia de sociedade tem o partido do governo.
É vergonhoso para a democracia ter um partido destes a governar. A sede de poder está lá espetada com um pionés, para quem quiser ver. Tudo no PS é relativo e escorregadio, como sempre foi. É o aparelho que se tem de preservar. Felizmente para os socialistas, a minoria que apoia activamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é suficiente para lhes cortar as pernas nas próximas legislativas. É uma cobardia calculista.

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