23 de out. de 2008

Da reunião de Viena directamente para a bomba à porta de casa

As crises trazem sempre a instabilidade, principalmente no mercado financeiro. Os altos e baixos sucedem-se e torna-se difícil prever e consequentemente escolher o rumo. Com o petróleo não foi excepção. O porquê é simples. Tradicionalmente, são 3 os factores que mais influenciam o preço do crude. Produção, Reservas e Cotação do dólar. A produção fixada pela OPEP tem grande influência no preço do crude e é constantemente ajustada à procura, como forma de controlar os preços. O nível de reservas é algo difícil de quantificar e é guardado como o ás de trunfo num jogo de cartas, - sempre que é jogado causa mossa. Raras foram as vezes em que o mercado não reagiu à descoberta de novos poços ou a alterações de previsão de capacidade de outros já existentes. Quanto à cotação do dólar não tem que enganar. Dólar em baixa, petróleo em alta, - os americanos refugiam-se no petróleo e os restantes aproveitam para comprar. Dólar em alta, petróleo em baixa, - pelas razões inversas às apontadas anteriormente.
A crise veio juntar a estes 3, um quarto factor. A necessidade, ou refúgio se preferirmos. Com os mercados em crise e sem conseguir prever os rumos dos produtos financeiros, muitos foram os investidores que se refugiaram no petróleo levando-o a preços record. O 30 de Junho de 2008 já vai longe e os preços da matéria-prima estão agora abaixo de metade do valor atingido, o que não agrada nada aos membros da OPEP, responsáveis por 40% da produção mundial e que vêem as suas receitas diminuir bruscamente. Assim, convocaram uma reunião de emergência para a próxima sexta da qual sairá certamente, um corte na produção. Estima-se que de 1 milhão de barris/dia, uma quantidade significativa que contudo, se espera incipiente no combate à conjuntura. A alta do dólar, o aumento de reservas e a baixa procura são tudo factores que contribuem para a manutenção dos preços baixos. A ajudar, fala-se na já incorporação deste corte no actual preço do petróleo.
Como tenho dito, é quase impossível fazer previsões com rigor nos tempos conturbados que vivemos mas... Acredito que este corte não venha trazer a alta dos preços de novo, mas um segundo golpe será lançado se o primeiro não funcionar e aí, o cartel conseguirá o seu objectivo, - petróleo a rondar os 100 USD.

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