25 de jan. de 2009

O pau de três bicos

A cada vez que Trichet baixa a taxa, facilita a vida a milhares de pessoas, ao mesmo tempo que retira incentivos à poupança noutros milhares. É uma balança onde a subida ou descida dos dois pratos é impossível. O benefício de um é necessariamente, o prejuízo de outro. O lucro da banca, no essencial, está no diferencial entre o preço de venda do dinheiro – empréstimos – e o preço de compra – depósitos e aplicações. Com a taxa directora fixada nos 2% diminuiu substancialmente os prémios de depósito desincentivando a poupança. Num cenário de ameaça de deflação este até poderia ser um estímulo ao consumo mas a crescente descrença numa recuperação rápida da economia vem anular esse efeito. Se lhe juntarmos também a crescente desconfiança na banca e sistema financeiro em geral, é fácil de perceber, que a intercepção de todos os parâmetros resulta num conjunto que poupa à parte do sistema bancário e financeiro ou na melhor das hipóteses em aplicações de muito curto prazo. Para além de limitar a acção das políticas monetárias abre espaço à franja menos ética da sociedade, leia-se “banqueiros de sarjeta”. Juros baixos nos depósitos e milhares de Portugueses com a corda na garganta são sangue para os tubarões que começam a dar à costa. O perfil destes novos predadores é algo diferente do do usurário típico. Os juros praticados são substancialmente mais baixos mas as garantias dadas para o empréstimo são altíssimas (cobrem-no, duplicam-no e mesmo triplicam-no) e as ameaças para que todos os pagamentos sejam cumpridos são levadas muito a sério (para não dizer mais). Isto enoja-me…

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