18 de nov. de 2008

Bravo DECO, bravo...

No dia 6 de Novembro de 2008, Trichet anunciou a última baixa nos juros do BCE. Fez questão de deixar o recado de que a ajuda dada deveria ter repercussões no dia-a-dia. À altura, o abrandamento da economia real era já uma realidade e a preocupação transferia-se dos mercados financeiros para a economia real. A confiança restabeleceu-se, a normalidade era outra vez regra, os parceiros eram de novo parceiros e era tempo de preparar o futuro. Assim foi, - a Euribor já descia há muito e os empréstimos iriam baixar mais dia menos dia (Dezembro é aqui a data a fixar). Mas havia feridas e inimigos assinalados a eliminar. E é aqui que a DECO assume o seu papel.
Aquela que se diz defensora do consumidor tem enfiado prego sobre prego até ao enterro final. Há meses, anunciou vitoriosa que os bancos não cobrariam mais comissões de abertura (prémio para análise de comissão) e o cross-seling era coisa do passado. O governo acedeu e os bancos anuiram. Agora, e a cobro da crise, escudo para muita decisão estratégica que virá, a banca pode mostrar as garras. A loucura do crédito fácil acabou, já não impinge o cartão de crédito, já não exige que os pagamentos sejam feitos por débito directo nem tão pouco domiciliação de vencmento (enquanto ele não fôr pago pelo Centro de Emprego), até poupa os perto de 200 euros de abertura de dossier ao cliente incauto. Boa vontade? Caridade? Nada disso. O monstro acordou e mais que nunca pensa em se alimentar, - não aceita qualquer cliente, só quer a carne do lombo (clientes com grandes rendimentos) e as recusas são regra. O feitiço virou-se contra o feiticeiro e a vitória de outros tempos redunda num enorme fracasso. Hoje o crédito custa zero, tão somente porque não se faz. Mais, o Millennium apresentou o novo preçário, com grandes agravamentos no spread, e outros lhe seguirão, - ainda que off the record, a Caixa também já o anunciou . Bravo DECO, bravo...

4 comentários:

Anônimo disse...

És irmão do Dias Loureiro? Isto porque és mesmo um gajo iluminado!

Yuppie Boy disse...

Não consigo perceber se o tom é de ironia porque o post espelha o óbvio ou se é só uma piada gratuita. De qualquer forma, manda-me a boa educação responder. É minha opinião que quase todas as iniciativas da DECO são nefastas para o consumidor no médio prazo. Esta não é excepção. Obrigados a não cobrar comissões por analisar um processo de crédito, que acredite dá trabalho e despesa, e não podendo vender produtos complementares, que quando bem usados são benéficos para o cliente, tiveram de ir procurar receitas a outros lados.
O spread, como deve saber, é a margem de lucro do banco num empréstimo. Aumentando-o, aumentam-se os lucros;
Quanto aos produtos de cross-selling, deixaram de osimpingir e passaram a atribuir prémios de spread a quem os subscrever, - baralharam para ficar tudo igual.
Mas fizeram mais, - depois de feita a estatistica, a banca percebe agora que o risco nem sempre compensa. Hoje, só o cliente "bom" tem acesso ao crédito. Calam as bocas de quem os criticava por endividarem as famílias e melhoram as carteiras de risco. Ao mesmo tempo, limitam quem tem bons projectos mas precisa de financiamento ao investimento. Sabe quem sofre? A economia real, - a que verdadeiramente importa. Os bancos esses, continuarão com os lucros na ordem dos milhões...

Anônimo disse...

A DECO... coitada. como se ditasse o que quer que fosse.

Os bancos é que viram que se o sistema entrasse em colapso, o pobre estava se lixando se lhe iam buscar o par de sapatos novos... mandar os clientes para a prisão também não adianta de grande coisa.

De qualquer forma, não sei se não concordo com esta medida. A ver bem as coisas, sem créditos, vamos ver efectivamente o estado deplorável que o nosso país se encontra... digamos que facilita a percepção e a implementação de reformas sociais.

Se tudo parece bem... nada se faz...

PS. devias ter chamado ao anónimo bufo e acabava-se a história.

Yuppie Boy disse...

Alexandre, foi por iniciativa/queixa da DECO que os Bancos foram obrigados a não cobrar comissões e a não impôr produtos (domiciliação, cartão de credito, PPR's, etc). Isto é um facto. Tambem não é menos verdade que a DECO vem, sempre que pode, criticar o facilitismo com que as pessoas podem aceder ao crédito. A cobro disso, os Bancos fecharam a torneira. É evidente que aqui, a fecharam porque lhes dava jeito mas passaram a mensagem de que estavam a aceder a um pedido.
Este post é uma critica à acção da associação e não de defesa da banca que, apesar de muitas atenuantes, tem agido mal em toda esta fase de transição olhando demais para o seu umbigo.

Eu, acredito moderadamente nos mercados. É claro que eles devem ser regulados mas é, e isto é uma opinião pessoal, mais importante ter 1 regra que se fiscaliza e cumpre do que mil a que ninguem liga. No caso dos bancos, seria mais importante acabar com os acordos debaixo da mesa entre Caixa e BCP permitindo assim a livre concorrência do que impôr regras que são facilmente contornadas e acabam por penalizar o cliente.