Numa reacção rápida, poderia dizer que o que se propõe hoje para o BPP é a prova do que escrevia há uns dias sobre João Rendeiro, o rosto do banco. Continuo a acreditar nesta tese mas esta proposta pode ser ainda mais perversa e esconder o que de pior há na banca. Já se tinha notado que não havia interesse em salvar o banco e que para sustentar essa posição, Teixeira dos Santos e Vitor Constâncio enumeraram um sem número de razões, que tanto corroboravam a decisão como apontavam o sentido inverso. Mas ficou um assunto pendente, - a divida à banca internacional. Apesar de o risco sistémico da falência ser diminuto, o "calote" no estrangeiro daria má imagem da banca nacional e dificultaria, ainda mais, o acesso a crédito interbancário. É neste contexto que os abutres, que no passado rejeitaram absorver o BPP, aparecem agora. Não para salvar a instituição mas para se livrarem de possiveis incómodos. "Uma cajadada, dois coelhos", - enterra-se Rendeiro e resolve-se a dor de barriga lá fora.
Aceitará o BPP esta proposta? A sua posição fragilizada, a AG para aumento de capital parece mesmo a única saída, tudo leva a crer que sim mas o que a proposta oferece não traz nada de bom. Bem vistas as coisas o que propõe ao BPP é o afastamento da administração, que seria substituida por gente do BdP responsavel por salvar, leia-se vender, os activos e com poderes para fechar a instituição. Ao mesmo tempo, querem que accionistas e clientes continuem a assumir as suas responsabilidades, ainda que já afastados numa espécie de "vou a jogo mas com o teu dinheiro"...
Como contribuinte sinto-me agradado e contente por ter um governo que me protege, ainda que num passado recente o não tenha feito. Já como cidadão, envergonha-me que o crime seja recompensado e que mais uma vez o Português prove que o mal dos outros é a sua maior alegria.
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