21 de nov. de 2008

Proposta gravosa??? Sim, mas para quem paga o salário

Com uma crise internacional prestes a estoirar (em Portugal a estatistica foi madrinha e só estoiramos no próximo trimestre), um crescimento esperado em 2009 de 0,6% do PIB (previsão mais do que optimista avaliando os dados que vão chegando) o Governo arriscou aumentos de 2,9% para a função pública. Disse-o aqui, que o aumento proposto era irrealista e que significará impostos a médio prazo, - o diferencial entre a diminuição da receita e o aumento da despesa tem de ser pago um dia, convicção que mantenho hoje. Compreendo que a função pública perdeu poder de compra nos últimos anos e que merece (?) recuperá-lo, mas não pode exigir mundos e fundos em períodos como este. A responsabilidade tem de ser transversal e todos temos de desempenhar o papel da melhor forma que conseguirmos. Pedir 3,5% de aumento (3,4 dizem os mais comedidos) quando o resto do país só pede emprego e salário é uma afronta.

4 comentários:

Anônimo disse...

não quero dizer que contradiga o que escreves, mas pareces não referir o facto de o aumento estipulado não ser só para funcionários públicos, mas para todos os trabalhadores.

Não nos podemos esquecer também que se o Estado injecta milhões nos bancos em garantias financeiras, deverá injectar e obrigar a injectar dinheiro nos cidadãos para que revitalizem a economia.

Dinheiro produz dinheiro.

Yuppie Boy disse...

Alexandre, a questão passa muito por aí. Ao aumentar a função pública em 2,9%, o governo não vincula o sector privado, cada um é e será livre de praticar os aumentos que quiser (excepção feita claro ao salário mínimo), mas coloca uma enorme pressão. Pressão essa que as empresas não estão preparadas para enfrentar. Eu sei que há muitas pessoas que ganham pouco, eu sou um exemplo, mas devemos ser responsaveis e perceber que mais vale receber pouco do que não receber. Dirão então que há patrões que não mercem os trabalhadores que têm. Eu concordarei e sublinharei mas isso é uma regra de vida, - nem tudo é perfeito. Antevejo, que os aumentos no sector privado não vão além dos 2% e desta vez não é por avareza do patronato, como foi muitas vezes no passado, mas por manifesta dificuldade em honrar os compromissos. Defendo que em tempos de crise quem trabalha deve ser compreensivo, e na situação inversa deve ser intransigente nos seus direitos. Isto é tambem uma questão da lei da ferta e da procura no seu estado mais puro. Que interessa a um patrão, um funcionário em greve se ele não consegue vender o pouco que produz? Até poupa. Já no cenario oposto, a greve do funcionário redunda em baixa de produção e perda de receita.

O comentário já vai longo... vou-me ficar por aqui.

Yuppie Boy disse...

E fica só um exemplo: Eu, propus que os bónus trimestrais e anuais fossem congelados. Agi e propus algo que me vai prejudicar mas só no curto-prazo. Com esta medida ganhamos liquidez para o dia a dia. Assim que a situação melhorar a empresa honrará os seus compromissos. Devo dizer que a minha situação financeira e familiar me permite que o sugira mas sempre fui da opinião que meio passo é melhor que passo algum, no caso, ter salário, ainda que baixo, é sempre melhor que não ter...

Anônimo disse...

... e depois falamos dos apoios às PMEs... e depois das dívidas do Estado às empresas... depois do endividamento dos portugueses... e depois o crédito mal-parado... e regressamos cidadãos. Alguma parte vai ter de se esticar... isto anda um bocado cíclico nos últimos anos...